Realizado na UFSM, Copene Sul 2025 terá painel sobre saúde das populações negra e indígena

Realizado na UFSM, Copene Sul 2025 terá painel sobre saúde das populações negra e indígena

Foto: Divulgação/Copene Sul

O 7º Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros e Negras da Região Sul (Copene Sul), que começa nesta quarta-feira (15) na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), contará com um painel dedicado a saúde das populações negra e indígena. Intitulada “Atenção à saúde e racismo: invisibilidade e resistências”, a mesa deve ocorrer às 14h, com a participação de pesquisadoras locais e nacionais que são referência na área da saúde (veja abaixo). 

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Ao Diário, a enfermeira e mediadora do painel, Leila Coutinho, falou sobre a iniciativa:

Durante as reuniões (de construção do Copene Sul), percebi que não se falava numa mesa voltada para saúde. Então, conversei com a Angela Souza, que também coordena o Neabi UFSM e o Copene Sul, e ela autorizou a montagem dessa mesa potente, com colegas incríveis, cientistas negras e enfermeiras com muito conhecimento. Essa mesa vai trazer falas de vários territórios. Espero que, a partir dela, todos entendam que precisamos mexer na base, na formação dos profissionais de saúde, incluindo as políticas, letramento racial, letramento de gênero. É urgente que atenção à saúde de grupos vulneráveis seja feita com equidade e transversalidade.

Desafios

Especialista em saúde mental e presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial em Santa Maria, Leila afirma que os desafios enfrentados pela população negra em áreas como educação, saúde, trabalho e segurança são significativos e devem ser considerados na tomada de decisões.

A falta de acesso aos serviços pode levar a problemas de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade. E com o racismo, enquanto processo de adoecimento reconhecido pelo Ministério da Saúde, vivemos uma segunda pandemia. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra visa promover a equidade em saúde, mas estamos ainda muito longe. De 5.570 municípios brasileiros, apenas 371 municípios tem a política de forma efetiva. Enquanto presidenta do COMPIR, estou desde o início do ano em tratativas para a implantação dessa política em Santa Maria. Quem sabe, até final de novembro, poderemos mudar o cenário nacional e aderir. É fundamental que políticas públicas sejam implementadas para abordar essas desigualdades, assim como é importante que a sociedade civil esteja engajada na luta contra o racismo e a discriminação – reforça Leila. 

A situação da população indígena

O Brasil tem cerca de 1,7 milhão de indígenas, pertencentes a mais de 300 etnias e 270 línguas diferentes, segundo dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e do IBGE (Censo 2022). Os desafios enfrentados por essa população no acesso à saúde devem ser abordados pela enfermeira e mestra em Ciências da Saúde, Clarisse Ga Fortes, que é da etnia Kaingang. Ao Diário, ela falou sobre o atual cenário e a importância do debate:

Apesar dos avanços na Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, os indicadores de saúde revelam profundas desigualdades como altas taxas de mortalidade infantil, subnotificação de doenças, desassistência em áreas remotas e dificuldade de acesso a serviços especializados. Além disso, o racismo estrutural e institucional se manifesta no atendimento precário, na falta de respeito aos saberes tradicionais e na ausência de representatividade indígena nos espaços de decisão. Essa realidade motivou a construção dessa mesa como um espaço de reflexão, denúncia e valorização das práticas de resistência que emergem nas comunidades indígenas e entre os profissionais que atuam na saúde indígena.

O evento

Com o tema “Resistências ao Sul do Sul: Tecendo as Cosmopercepções para o Bem Viver”, o Copene Sul 2025 segue até sábado (18) e deve reunir pesquisadores, estudantes e ativistas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de convidados de outras regiões do país.

A programação inclui conferências, mesas-redondas, minicursos, oficinas, feira afroindígena e atividades culturais. O evento é uma realização da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros/as (ABPN), em parceria com o Consórcio dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABs/NEABIs) e o Neabi UFSM.  

Veja quem são as participantes: 

Foto: Arquivo pessoal
  • Enfermeira e mestre em enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  • Especialista em gestão pública pela Universidade Focus de Minas Gerais, Sanitarista pela Escola de Saúde Pública do RS
  • Servidora da prefeitura de Santa Maria, responsável pelas Políticas de HIV/aids/IST e Hepatites e Promoção de Equidade em Saúde da Secretaria de Saúde
  •  Funcionária pública do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), atua na Unidade de Processamento de Materiais Esterilizados

Célia Mariana Barbosa

Foto: Arquivo pessoal
  • Doutora em Ciências Médicas Famed-UFRGS Nefrologia, concentração Doença Renal Crônica e população negra
  • Mestre em Ciências Médicas Famed PUC-RS, Nefrologia,aérea de concentração Doença Renal Crônica e População Negra Especialista em Nefrologia EENF UFRGS
  • Especialista em Administração Hospitalar PUC-RS
  • Líder de grupo afro-brasileiro de Estudos e Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), integrante do Programa de Ações Antirracista do HCPA e pesquisadora do Centro Experimental de Pesquisa do HCPA

Gisele Cristina Tertuliano

Foto: Arquivo pessoal
  • Enfermeira, cientista social e especialista em Saúde Comunitária e Mestra em Saúde Coletiva pela ULBRA
  • Doutora em Saúde Coletiva pela UNISINOS
  • Pós-doutoranda em Saúde Coletiva pela UFRGS
  • Servidora Municipal cedida à Secretaria Estadual de Saúde, Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde-Divisão de Políticas de Promoção da Equidade em Saúde - Área Técnica de Saúde da População Negra
  • Professora colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde- Mestrado Profissional- Faculdade de Medicina da UFRGS
  • Integrante do GT Racismo, Saúde da Abrasco e da Articulação da Enfermagem Negra (ANEN), do Laboratório de Interseccionalidades, Equidades e Saúde da UFRGS e do Coletivo Atinúké.

Alva Helena de Almeida

Foto: Divulgação/Coren SP
  • Licenciada em Enfermagem e bacharel em Enfermagem e Obstetrícia. 
  • Mestre em Saúde Pública e doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP)
  • Servidora pública aposentada, com experiência na educação profissional e permanente do quadro de profissionais de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo
  • Idealizadora da Articulação Nacional de Enfermagem Negra (Anen)
  • Integrante da Soweto Organização Negra

Clarisse Ga Fortes​

Foto: Arquivo pessoal
  • Graduada em Enfermagem pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó
  • Copene Sul terá mesa com foco na saúde das populações negra e indígena pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó, com pesquisas nas áreas de saúde indígena, saúde da mulher, envelhecimento humano e plantas medicinais

  • Fitoterapeuta e especialista em Saúde Indígena pela Faculdade Dom Alberto
  • Faz parte do projeto vozes indígenas da produção de conhecimentos e pesquisadores indígenas da Fiocruz
  • É enfermeira na Secretária Especial de Atenção à Saúde Indígena- SESAI

Leila Coutinho (mediadora)

Foto: Arquivo pessoal
  • Enfermeira
  • Orientadora de serviço do PET Saúde-Equidade da UFSM e participa Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI)
  • Integrante da Articulação Nacional de Enfermagem Negra (ANEN)
  • Presidente do Conselho de Promoção da Igualdade Racial (Compir) de Santa Maria e integrante do COMDIM/SM
  • Integrante do Movimento Negro Unificado (MNU/SM) e do coletivo dos  Antimanicomiais e Antirracista

Confira a programação completa do 7º Copene Sul: 

Quarta (15)

  • 8h – Credenciamento
  • 8h30min – Espaço Erê
  • 8h30min – Abertura Cultural e Homenagens
  • 10h – Conferência de Abertura – Resistências ao Sul do Sul: Tecendo Cosmopercepções para o Bem Viver
  • 14h – Mesa Redonda: Atenção à Saúde e Racismo - Invisibilidade e Resistências
  • 14h às 16h – Sessões Temáticas (STs)
  • 16h às 18h – Oficinas, Minicursos e Exposições
  • 16h às 18h – Abertura Exposição Lélia Gonzalez
  • 19h – Mesa Redonda II - Mulheres negras e indígenas ao Sul do Sul

Quinta (16)

  • 8h –Credenciamento
  • 8h30min – Espaço Erê
  • 8h30min – Exposição Lélia Gonzalez
  • 8h30min – Mesa Redonda III – Emergência climática: Racismo ambiental e luta pelo bem viver 
  • 14h – Mesa Redonda IV: Entre a Festa e a Luta – Clubes Sociais Negros como Território de Resistência
  • 14h às 16h – Sessões Temáticas (STs)
  • 15h às 17h – Painel OBERERI e Afrocientista
  • 16h às 18h – Oficinas,Minicursos e Exposições
  • 17h às 18h – Espaço para lançamentos de livros
  • 19h – Reunião do Consórcio de Neabs e Grupos Correlatos; Assembleia do Fórum da Educação Básica

Sexta (17)

  • 8h – Credenciamento
  • 8h30 – Espaço Erê
  • 8h30min – Exposição Lélia Gonzalez
  • 8h30min – Nzila da Educação Básica – Caminhos Ancestrais: Diálogos e Reflexões com asCosmopercepções Africanas,
    Indígenas e Quilombolas na Educação Básica
  • 8h30min – Simpósio BORI: Ori, Ancestralidade, Corpo na Arte da Cena e na Educação
  • 14h às 16h – Sessões Temáticas (STs)
  • 16h às 18h – Oficinas, Minicursos e Exposições
  • 17h – 18h – Espaço para lançamentos de livros 
  • 19h – Mesa Redonda V: Raça e Racismo(s) – desafios da educação antirracista
  • 20h30min – Confraternização – Jantar Baile por adesão

Sábado (18)

  • 9h – Momento Cultural
  • 9h30min – Mesa Redonda VI – Epistemologias Africanas e internacionalização
  • 14h – Conferência de Encerramento – Exu, O Comunicador: Tecendo Saberes do Sul ao Sul; Carta do VII – COPENE-Sul; Apresentação Cultural de Encerramento


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